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Mulheres formam maioria em contratações de seguros de vida

Desligado

Saúde e estabilidade financeira estão entre motivos. Sindicato dos Corretores estima que público feminino responda por 70% das contratações. Elas também são maioria dos trabalhadores do setor | Foto: Adriano Abreu.

Felipe Salustino
Repórter

Margareth Grilo
Editora de Economia

A presença feminina no mercado de seguros não está restrita somente à mão de obra, cujo índice de participação é de 54,4% em todo o Brasil, segundo dados da Escola Nacional de Seguros (ENS). O mercado consumidor também abraça esse público, que se preocupa, especialmente, com a saúde e a estabilidade financeira dos filhos. O destaque, no âmbito destas demandas, é o seguro de vida com cobertura de doenças graves. Uma estimativa do Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado (Sincor-RN) indica que elas respondem por 70% das contratações desse tipo de proteção financeira no Rio Grande do Norte.

Jaques Andrade, presidente do Sincor-RN, diz que as mulheres têm uma preocupação muito maior com a saúde se comparadas ao público masculino. As empresas entenderam o recado e passaram a oferecer produtos mais especializados, com o aperfeiçoamento de produtos para atender a esta necessidade. “A maioria delas contrata pensando no câncer de mama, mas geralmente é oferecida proteção para 10 ou 15 tipos de doença. Em essência, quando a pessoa é detectada com câncer, ela recebe a indenização em vida para fazer o que quiser”, afirma.
“Pode ser para suporte ao tratamento ou para fazer uma viagem. É um produto que atende homens também, mas com maior contratação, em sua maioria, pelas mulheres. E muitas fazem isso pensando nos filhos, para garantir amparo no caso da falta delas. O seguro de vida foi criado há vários anos, mas a medida que se observou a alta procura por parte das mulheres, as seguradoras colocaram no próprio pacote a cobertura de doenças graves”, completa Andrade.
Ele estima que, a cada três seguros de vida contratados, pelo menos dois são vendidos com cobertura de doenças graves. E, dentro deste tipo específico, um universo de 70% dos produtos é contratado por mulheres no Rio Grande do Norte.

Luana Myrrha, professora do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), concorda que as mulheres costumam se preocupar mais com a saúde e, portanto, aderem mais facilmente a proteções do tipo.

A professora destaca, no entanto, que um tipo específico de seguros deve fazer parte das preocupações femininas. “Um dos mais importantes é o previdenciário, porque é quem vai restabelecer o equilíbrio financeiro na velhice. A questão é que elas têm menos acesso, porque contribuem de forma mais volátil, já que deixam mais o emprego forma para cuidar de terceiros”, sublinha.

Myrrha destaca, por outro lado, que há aspectos interessantes do mercado segurador com foco no consumo feminino. “Os custos de seguros de veículo para as mulheres são mais baratos, porque elas têm um perfil de risco muito menor, com uma condução menos violenta e mais defensiva, ao passo que os homens são mais agressivos e imprudentes no trânsito”, descreve a professora.

“Sinistros advindos de colisão custam muito mais quando envolvem homens. Então, embora eles consumam mais no mercado de veículos, muitos casais optam por tem um seguro no nome da mulher”, esclarece Luana Myrrha, que é coordenadora do Laboratório de Estudos de Gênero e População da UFRN.

Na hora de contratar um seguro, homens e mulheres precisam adotar alguns cuidados básicos, uma vez que a proteção é também um investimento a se fazer. O primeiro passo, conforme explica Jaques Andrade, presidente do Sincor-RN, é buscar um corretor credenciado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). “Depois disso, deve-se procurar, através do corretor, uma seguradora especializada no produto que a pessoa está contratando”, ensina.

Ampliar vendas

Desmistificar o produto Seguros e ampliar vendas nas mais diversas modalidades tem sido um desafio do mercado, ao longo dos anos. Nesse ponto, o movimento Seguros.On é um braço de apoio, segundo a coordenadora Ana Alice Cardoso. Ela afirma que quando entrou no ramo, em 2013, percebeu que a maioria dos corretores focava no automóvel. Era o caso do seu pai, que atuou na área por 30 anos e faleceu naquele ano.


“Em 2013, eu tive que vir para a área de seguros para assumir a corretora e quando cheguei, percebi que ele só focava em um tipo, que era o automóvel, e eu pensei: mas aquela pessoa que dirige aquele automóvel, tem uma vida, e se acontecer um acidente? Aquela pessoa que tem um automóvel tem uma casa, e aquela casa, é um patrimônio, mas por falta de conhecimento da população, e do corretor em informar que existem outros produtos de seguro importantes, muitas vezes, a gente não conseguia contratar, vender. O fato de ser mulher me deu essa visão mais ampla”, diz Ana Alice.


A partir desse momento, começou a se capacitar e, junto com outras cinco corretoras criou o Seguros.On. “A gente precisava se capacitar, conhecer o setor, e precisava de alguma forma desmistificá-lo, precisava informar o que é um seguro, o que é que ele pode trazer, quais as possibilidades e modalidades. Muitas vezes, quando se fala em seguro de vida, por exemplo, as pessoas só pensam na morte, e hoje existem mais coberturas em vida”, explica a corretora.


Segundo Ana Alice Cardoso, por falta de conhecimento as pessoas não enxergam a importância de ter um seguro de vida, de ter um seguro da residência. “Muitas vezes, por exemplo, o seguro residencial de um imóvel em torno de R$ 500 mil é 500 reais no ano. E as pessoas terminam protegendo o carro, o que é importante, mas é um bem menos valioso do que o lar”, diz.


Ela considera que o negócio ‘seguro’ é um grande desafio. Na maioria das vezes, comenta, a pessoa acha difícil o sinistro acontecer e não se protege. “Quando a gente está no meio, a gente vê que acontece. E muito”, alerta Ana Alice. Segundo ela, a mulher tem procurado mais por seguros que os homens, principalmente quando se trata de seguro de vida e patrimônio. “Geralmente, ela convence o marido e incentiva o companheiro a fazer o seguro. Temos muitos relatos assim”, diz.


Socorro Credidio, 47 anos, natural de Natal, que também é corretora e faz parte do Seguros.On, concorda que o ramo é desafiador. “Ninguém acorda assim: ah, hoje eu quero fazer um seguro de vida, ou hoje eu quero fazer um seguro residencial. A gente tem que falar do que é importante, a gente tem que aculturar. Eu particularmente, acho esse um desafio muito forte”, diz.


A corretora Nádyra Mendes, de 40 anos, natural de Santo Antônio do Salto da Onça, que também integra o Seguros.On, concorda. “Quando a gente começa a comercializar produtos, de acordo com as necessidades da nossa carteira, dos nossos clientes, elas vão mudando. Então, o network ajuda muito, você começa a conhecer outras pessoas, você começa a ver outros ramos de seguros e vai vender com mais segurança e com mais possibilidades”, relata a corretora.


“Hoje, eu presto serviço para os meus clientes em 360 graus, eu faço plano de saúde, seguro do carro, comercializo esses seguros mais conhecidos, mas também eu protejo vidas, famílias e patrimônios”, completa Nádyra Mendes.


Ana Alice considera importante a criação, através de Lei municipal, em Natal, da Semana dos Seguros, que acontecerá sempre no mês de outubro. “Este ano, teremos a primeira semana, justamente para fazer essa parte de divulgação, de levar a informação para sociedade. Será um dos pilares da semana”, diz ela. No final deste mês, a lei que determina a criação da Semana será implantada em uma sessão solene na Câmara de Vereadores da capital potiguar.

Depoimentos

Thais Renata Campos de Morais
37 anos, jornalista

“O seguro é o tipo de coisa que a gente faz para não usar. Mas, na verdade, como é o primeiro carro da família, a gente teve um cuidado muito grande de escolher o modelo, de escolher tudo no carro, e é um patrimônio de um valor considerável também. Então, a gente rodar, estar na rua com um patrimônio como esse é algo arriscado e o seguro vai proteger em qualquer caso de sinistro, seja de roubo ou alguma coisa que aconteça, porque é um patrimônio com muito suor. E é uma questão de tranquilidade para a família, é saber que se acontecer alguma coisa tem quem socorra, tem a quem recorrer, desde um furto até alguma peça que possa quebrar. E como mulher, me preocupo muito com essa questão do cuidado com o próprio bem, com a questão da proteção.”

Natali Maria Soares Queiroz
46 anos, empresária

“Acho de suma importância todos os tipos de seguros de vida, de carro, de residência, porque a gente não sabe o que pode acontecer. Tenho todos, de vida, residencial, automóvel. Isso me deixa mais segura. Literalmente mais segura, estando assegurada, na vida, no carro, na residência. E já tenho, no mínimo, há 15 anos. Até eu conhecer meu marido, ele não tinha seguro. Eu o convenci a fazer e também, depois que vêm os filhos a gente começa a se preocupar em deixá-los assegurados, se acontecer alguma coisa com a gente. Não sabemos o que pode acontecer, a qualquer momento pode ter imprevistos, e se estamos segurados, fica bem mais fácil de resolver. Eu considero ainda caro o seguro. Nem todos têm condições de fazer. Porém, eu digo muito que é igual ao plano de saúde, a gente só sabe o valor quando a gente precisa.”

Fernanda Georgia de Araújo
36 anos, funcionária pública

“Eu sempre me preocupei com essa questão da proteção. Já tenho o seguro automóvel há uns 10 anos, desde que comprei meu primeiro carro. E o residencial tem uns quatro anos, quando quitei meu apartamento. Primeiro, falando de seguro automotivo, a gente faz para nos ajudar, para ter menos trabalho. E um ponto importante é você escolher uma seguradora de renome, que você tenha confiança para quando você precisar usar, o retorno ser rápido. Isso é de extrema importância. Às vezes a pessoa fala: ah, mas essa seguradora tem o valor um pouquinho maior. Você tem que ver esse retorno, porque às vezes a pessoa paga mais barato, mas o retorno é mais demorado e no lugar de você ter um problema, tem dois. Quanto ao seguro residencial, que é um pouco menos usual, ele tem extrema importância, porque a residência é um patrimônio e não está livre de acontecer algo. De certa maneira, nessa vida corrida a gente busca a comodidade, tranquilidade mesmo.”

FONTE: Tribuna do Norte.

Sincor RN

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